13
mar
Nos dias 22 e 23 de março, o Amapá será palco do encontro Amazônia Terra Preta: Elas na Liderança por Justiça Climática. O evento, organizado pelo Instituto Mapinguari, reunirá lideranças mulheres, pretas, pardas e indígenas, para debater e fortalecer sua atuação na luta contra a crise climática na cidade de Macapá.
O objetivo do encontro é empoderar e promover conhecimento para transformações locais com foco na justiça climática e adaptação. Capacitando e estimulando mulheres, principalmente lideranças negras, a disputarem espaços de decisão, sejam em associações comunitárias ou cargos públicos.
Durante o encontro ocorrerão mesas, roda de conversa, oficinas e o encerramento com uma grande cultural impulsionando artistas afroamapaenses. O encontro ocorrerá no Museu Sacaca, localizado na Rua Feliciano Coelho, 1509 – Trem, em Macapá.
O encontro é aberto à participação de mulheres, principalmente pretas e indígenas, em situação de liderança e populações vulnerabilizadas pelas mudanças climáticas no Amapá. As inscrições podem ser feitas através do www.mapinguari.org e diretamente nos dias de evento. O credenciamento começará a partir das 9:00 da manhã
O Amazônia Terra Preta traz à tona o debate racial e climático em alusão ao Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial, celebrado em 21 de março.
Capital negra na Amazônia
Macapá, capital do Amapá, é a cidade onde a população do estado se concentra. Ela possui uma população total de 442.933 pessoas, sendo que 337.169 se declararam como pretas ou pardas. Macapá ostenta o título de cidade mais negra da região amazônica, correspondendo a 76,1% da população no município. Esses dados são provenientes do último Censo Demográfico de 2022 realizado pelo IBGE
No entanto, cruzando com os dados do Censo Demográfico de 2010, 88,50% da população urbana está vivendo em assentamentos precários, assentamentos informais ou domicílios inadequados em Macapá. Dentre essa população que vive em aglomerados subnormais, 72,32 % é negra.
Outro dado importante sobre o estado é que o Amapá apresenta o menor índice do Brasil de domicílios com coleta de esgoto, atingindo apenas 11% da população. Como alternativa à ausência de esgotamento sanitário, 39,5% da população amapaense recorre a fossas rudimentares e buracos. Essa carência de saneamento impacta os mananciais e lençóis freáticos por onde, cerca de 20% da população no Amapá tem acesso à água por meio de poços rasos e cacimbas, um percentual que supera a média regional e nacional.
Essas amostras que foram divulgadas recentemente pelo Censo 2022 são essenciais para compreender os desafios enfrentados pela população e direcionar políticas públicas visando a melhoria das condições de vida e saúde no estado.
Levando em consideração que o estado também enfrenta os efeitos da crise climática, a situação fica ainda complicada. Anualmente, as fortes chuvas atingem regiões urbanas periféricas e também rurais, causando diversos alagamentos. Em 2023 o estado bateu recorde de queimadas, se tornando um cenário de eventos climáticos cada vez mais frequentes e intensos, as populações pretas e especialmente mulheres estão entre os grupos mais vulnerabilizados por esses efeitos.
O evento Amazônia Terra Preta se propõe a fortalecer lideranças femininas, pretas, pardas e indígenas na construção de políticas públicas para adaptação às mudanças climáticas e promover a integração e consolidação de lutas raciais e ambientais.
Posts Relacionados
Instituto Mapinguari apoia a regularização institucional de associações quilombolas no Amapá
O Instituto Mapinguari, através do projeto Quilombos Guardiões de Sementes Crioulas, apoiou diversas associações quilombolas trazendo impactos significativos em diferentes esferas, fortalecendo redes, parcerias, capacidades organizacionais e a participação de mulheres nas decisões e práticas de sustentabilidade. A cooperação do Instituto focou principalmente na regularização de importantes documentos institucionais das associações...
Fortalecimento quilombola: projeto apoia regularização de associações rurais e cria polos de guardiões de sementes crioulas no Amapá
Participam da iniciativa as comunidades do Curiaú, Rosa e Curralinho, quilombos localizados na região periurbana de Macapá Conduzido pelo Instituto Mapinguari em parceria com o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), o projeto “Quilombos Guardiões de Sementes”, está sendo desenvolvido desde novembro de 2023 para fortalecer as capacidades organizativas das comunidades...
Mulheres pretas protagonizam o maior encontro sobre justiça climática e racismo ambiental em Macapá
A 3ª edição do Amazônia Terra Preta em Macapá representou um marco histórico para a comunidade preta e parda da capital. O evento, organizado pelo Instituto Mapinguari, reuniu majoritariamente mulheres pretas e proporcionou debates relevantes sobre justiça climática, racismo ambiental e temas emergentes, tudo sob a ótica afrocentrada. Essa iniciativa...
Primeiro “Banquetaço” no Amapá distribui alimentos livres de agrotóxicos para famílias de Macapá
O Instituto Mapinguari em parceria com o Centro de Atividades Sociais da Periferia – CASP e o Coletivo Banquetaço, realizam na próxima quarta-feira, 05, a distribuição de alimentos agroecológicos para famílias que residem no bairro Congós. As 50 cestas a serem distribuídas contarão com itens como banana, farinha, macaxeira, frango caipira,...
Prática ancestral incentiva o coletivismo em quilombo no Amapá
Agricultores resgatam a prática do “pixurum” e promovem mutirões agroecológicos na busca por segurança alimentar e renda A Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Curiaú é uma das principais Unidades de Conservação (UC) do Amapá. O território abrange 21 mil hectares (ha) e está a 14 quilômetros (km) do centro...
Instituto Mapinguari debate racismo ambiental e crise climática no Amapá
A programação do Amazônia Terra Preta faz parte do calendário de lutas da população negra amapaense.
Festival reúne artistas e produtores em comemoração ao Dia da Amazônia
O evento será gratuito e ressalta a preservação da Amazônia e o desenvolvimento sustentável dentro desse bioma