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Em carta pública, lideranças denunciam violação de direitos, ameaças socioambientais e desinformação sobre exploração petrolífera no Amapá.
Macapá (AP) – O Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado em 09 de agosto, reafirma que os saberes ancestrais guardados pelos povos originários são fundamentais para a construção de um novo mundo, inspirado nos valores do Bem Viver com capacidade de romper a lógica desenvolvimentista do extrativismo predatório, uma visão colonizadora que enxerga os bem naturais apenas como recurso a ser explorado até que seja esgotado. É nessa perspectiva que as vozes dos Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque se levantam, com força e clareza, contra um projeto que ameaça não apenas suas comunidades, mas todo o equilíbrio da Amazônia.
No dia 28 de maio, o Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque (CCPIO), com representantes dos povos Galibi Kalinã, Galibi Marworno, Karipuna e Palikur, divulgou uma carta de repúdio direcionada à classe política do Amapá e a autoridades federais, denunciando o avanço da exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. No documento, os líderes destacam que a atividade ameaça a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas, viola o direito à consulta prévia, livre e informada garantido pela Convenção 169 da OIT e coloca em risco um dos ecossistemas mais sensíveis do planeta.
Os caciques alertam para impactos socioambientais irreversíveis, como poluição, destruição de ecossistemas e prejuízos à pesca, agricultura e fontes de água — pilares de sua subsistência. A carta também critica a postura de autoridades que, segundo as lideranças, propagam desinformação e estimulam o ódio contra aqueles que se posicionam contra o projeto.
O documento afirma ainda que “o petróleo não pode valer mais do que nossas vidas, nossas águas, nossos modos de existência” e convoca organizações indígenas, entidades de direitos humanos e toda a sociedade a se unirem na defesa da vida e da Amazônia.