O Amazônia Terra Preta deste anos tem como objetivo estimular maior participação de mulheres negras em espaços de decisão, sejam associações comunitárias ou cargos públicos, além de capacitá-las para atuação na agenda climática.
Para além da sub-representação das mulheres pretas em espaços de liderança, este também é um dos grupos mais expostos às consequências da crise climática, visto que famílias de baixa renda e muitas vezes chefiadas por mulheres pretas estão concentradas em áreas menos adaptadas aos efeitos das mudanças no clima e sem serviços ambientais básicos. Assim, a presença de mulheres negras em espaços decisórios pode garantir políticas públicas qualificadas para este grupo demográfico.
Dessa forma, buscamos mobilizar lideranças feministas pretas e periféricas para qualificar sua atuação e potencial transformador, além de capacitá-las para atuação na agenda de adaptação à emergência climática. Para isso, será realizado um grande encontro com lideranças pretas do Amapá e do Brasil, para disseminar o debate sobre emergência climática, racismo ambiental, transição justa e sistemas alimentares. Também serão oferecidas oficinas e formações ao público de comunidades periféricas do Amapá, para ampliar seus conhecimentos sobre os impactos da crise climática. Tais agendas terão como foco principal debates sobre justiça climática a partir de temas como adaptação e transição justa.
Contexto Local
O Amapá é o estado brasileiro mais bem conservado e também o único carbono negativo da federação, entretanto, o estado também enfrenta os efeitos da crise climática. Anualmente, as fortes chuvas atingem regiões urbanas periféricas e também rurais e em 2023 o estado bateu recorde de queimadas. Em um cenário de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e intensos, as populações pretas e especialmente mulheres estão entre os grupos mais vulnerabilizados por esses efeitos.
Em Macapá, onde se concentra a maior parte da população do estado, mais da metade da população vive em aglomerados sub-normais, como as áreas de ressaca, regiões com a população majoritariamente preta e sem acesso a direitos básicos.
Neste contexto, o Instituto Mapinguari tem se colocado no papel de debater a justiça climática na Amazônia, especialmente no estado do Amapá, conectando a luta racial com a agenda climática. Dessa forma, o Instituto busca promover o fortalecimento de lideranças femininas pretas na perspectiva de projetar a adaptação às mudanças no clima nos espaços de decisão política do estado.